No mundo inteiro tem sido adotado esforços para conter a escalada do novo coronavirus. No Brasil, já chegamos a mais de 1500 casos confirmados e 25 mortes até o momento. O vírus tem alta capacidade de propagação e a principal recomendação para impedir maior disseminação é evitar aglomerações de pessoas e a realização do isolamento social.

Vários setores do serviço público, igrejas, comércio e outras atividades econômicos paralisaram integralmente suas ações para conter a proliferação do vírus. Porém, há um setor que negligencia todas as recomendações e mantém suas operações em plena normalidade, que é a mineração.

Em todo território nacional as mineradoras estão mantendo as atividades colocando em risco a saúde dos trabalhadores, das comunidades e contribuindo para disseminação da doença em todo país. Esse fato descabido, irresponsável, demonstra o tamanho desprezo que o capital mineral possui com a sociedade brasileira e sua intenção incessante pela maximização de lucros independente das consequências nefastas às condições de vida do povo.

A dinâmica de trabalho na mineração viabiliza alta capacidade de contágio, não é fortuito que as grandes empresas dispensaram os diretores para trabalhar em casa. Já os operadores das minas estão diariamente pegando os ônibus para o trabalho, se alimentando nos refeitórios e circulando entre as cidades vizinhas. Dessa forma, os trabalhadores da mineração estão submetidos ao ambiente de alto risco, pois atuam em locais de grande aglomeração de pessoas e depois retornam a seus lares colocando em perigo a saúde de seus familiares e de toda comunidade onde residem. O potencial de disseminação regional do novo coronavirus através dos empreendimentos minerários é enorme e, por isso, a necessidade dessas operações serem suspensas imediatamente.

Em Oriximiná, no Pará, a empresa Mineração Rio do Norte (MRN), que é subsidiária da Vale, é responsável por levar o vírus até o município colocando em risco toda aquela região da Amazônia, envolvendo comunidades quilombolas e indígenas. Em MG e no RJ, funcionários da Vale já foram diagnosticados com coronavirus e a empresa mantem suas operações em todo país como se nada tivesse acontecendo. Além disso, a Vale tem usado esse momento de pandemia para demitir trabalhadores, como o fez com os ferroviários da linha MG/ES.

Diante desse momento de pandemia do novo cornavirus o MAM denuncia essa atuação criminosa das mineradoras que coloca em perigo a saúde de todo o povo brasileiro e reivindica:
– Suspensão imediata de todas as atividades mineradoras em operação;
– Garantia de estabilidade de emprego para todos trabalhadores, diretos e terceirizados, com manutenção dos salários e benefícios de forma integral até que essa situação volte à normalidade;
– Manutenção de toda contribuição financeira aos municípios minerados tendo como patamar de referência o volume de produção realizado em fevereiro de 2020.

Por um país soberano e sério!
Contra o saque dos nossos minérios!

23 de março de 2020
Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM)