A mineradora multinacional Ferrous Resources, que desde 2010, ameaçava comunidades rurais e centros urbanos com a projeção de implantação de um mineroduto, teve seu processo de licenciamento ambiental interrompido devido a insuficiência de informações em seu projeto e pela ausência de documentos que deveriam ser apresentados para a instalação do empreendimento.

O mineroduto, que segundo os planos da empresa já deveria estar em plena operação, sofreu fortes resistências das comunidades atingidas e de organizações populares. Desde 2011, uma ampla articulação de movimentos sociais, sindicatos, igrejas, universidades, se organiza para a construção da Campanha Pelas Águas e Contra o Mineroduto da Ferrous, com o objetivo de denunciar os impactos iminentes da instalação do mineroduto e as sistemáticas violações de direitos humanos cometidos pela mineradora e fortalecer as comunidades atingidas organizadas.

Para Luiz Paulo Guimarães, militante do Movimento Pela Soberania Popular na Mineração (MAM) e membro da coordenação da Campanha Pelas Águas, a vitória sob a Ferrous demonstra que com organização e luta popular é possível derrotar os projetos imperialistas de saqueio dos bens naturais no país. “Quando a empresa chegou em nosso território havia uma onda de pessimismo muito grande, a assimetria de forças era notável, as comunidades estavam desarticuladas frente uma corporação multinacional apoiada pelo Estado brasileiro.

Mas quando começamos a trabalhar em nossa organização e forjar lutas nas ruas das cidades atingidas, fomos nos formando e construindo a consciência de que era necessário tomar os rumos da história pelas nossas próprias mãos. Tínhamos tomado uma decisão e não permitiríamos tamanho retrocesso ocorrer em nossos territórios. Esta vitória conquistada é fruto de uma incessante e árdua luta coletiva, e nos anima a seguir nas trincheiras pela superação deste modelo de mineração que nada tem a oferecer ao Brasil”, afirma Luiz.

A proposta da Campanha Pelas Águas para o próximo período será a realização de um ato político de comemoração e o lançamento de um amplo processo de mobilização e organização nas regiões afetadas pelo mineroduto. O ato e lançamento da “Jornada de Lutas em defesa da democracia, contra o mineroduto e pela soberania popular na mineração” serão realizados em Viçosa (MG), no dia 20 de agosto.

Comunicação MAM